DESEJOS RADICAIS

DESEJOS RADICAIS

Está claro que nossos desejos radicais, populares e autônomos não tem representação nos partidos tradicionais e nos políticos profissionais, de qualquer denominação. Está claro que somente nos restringirmos a uma força reativa de “movimentismo” não basta. Está claro que somente criticar de fora as instituições não basta, e muitas vezes em excesso isso nos silencia. Mas também está muito claro que não devemos rifar nossa autonomia e independência para ninguém, seja partido, governo, grupo político, igreja, etc... Que não devemos ser massa de manobra de políticos ou oportunistas ansiosos por vincular nossas ânsias ao seu próprio partido, muito menos ser correia de transmissão de governos. Está claro que devemos ir além e nos tornar maioria política. Mas não como partidos políticos, tratados no Brasil como clubes defendidos mais que as próprias idéias e propostas. Devemos avançar como maioria politica de cidadãos. Devemos acabar com esse clubismo politico e pensar além de siglas. Além dessa democracia claramente corrupta e corruptora que está doente. Devemos ampliar e radicalizar a democracia. Devemos atingir essa maioria indo além de rótulos ideológicos que mais separam que unificam. Devemos pensar além de esquerda e direita, além das ideologias, e pensar no que nos atinge a todos como povo. Pensar em um programa político radicalmente libertário e autonomista. Pensar isso de uma forma coletiva, com métodos radicais e inovadores. Métodos não excludentes, que permitam cidadãos comuns apoiarem e serem ouvidos, que trabalhe as contradições do povo e incorpore o povo no debate, ao invés de tentar simplesmente o representar. Defender coisas básicas hoje em dia é algo muito radical, neste tempo de governos controlados por corporações e bancos. Propostas como renda mínima, oriundas da direita, contemplam a esquerda. Propostas de combate a monopólios e grandes acumulações de capital contemplam a direita também. Capitalistas e anticapitalistas acabam por defender pautas comuns diante de uma realidade que não dá o mínimo para todos. Todas as propostas passam por uma pauta comum: mais democracia. Os métodos para alcançar esta maioria politica não devem ser uma simples emulação de métodos passados. Frentes de esquerda, blocos populares ou frentes cidadãs já demonstraram estar desgastadas. O momento atual desenha alternativas através do municipalismo libertário e das confluências. Municipalismo libertário para fazer frente ao centralismo estatal e para dar vazão a radicalidade democrática baseada nas comunidades. Confluências como método de unidade cidadã, para muito além dos partidos e oportunistas que buscam se candidatar a partir dos movimentos sociais, que devem se manter autônomos. As confluências devem se constituir de modo que todos participem como indivíduos, que haja uma profunda horizontalidade, que não haja disputas de egos, que se eleja métodos de deliberação de total democracia direta, se amparando na tecnologia para superar os vícios do assembleísmo, que defina candidatos através de eleições abertas e não por partidos, que se priorize mais a escuta do que falar, e que privilegie os movimentos sociais aos movimentos políticos. Que principalmente não seja vinculante, ou seja, mesmo que um anarquista queira contribuir, sua opção de votar nulo seja respeitada, e que se respeite profundamente a independência dos movimentos sociais, evitando criar correias de transmissão. Está no momento da utopia assaltar o poder, e transformar nossas vidas de forma concreta. Está no momento de por a criatividade e imaginação no poder.